Rua da Liberdade

A Rua da Liberdade tem vista para o rio,
O rio que banha a Cidade e a lenha da gente
e que nos dá banho quando mergulha na nossa pele,
Este rio frio que nos refresca o sonho e nos abraça quente
torna-nos simplesmente rio por dentro correndo nele.

A Rua da Liberdade desce estreita na estrada a subir
e vai direita pela esquerda que não tem fim
e mesmo tendo sentido único cresce por aqui
um caminho largo de vindas a abrir sem cair
e voltas e voltas que chegam para ti.

A Rua da Liberdade tem números aos pares em cima das portas,
velhinhos com idades impares atrás das janelas
e crianças a jogar à bola fintando depressa na estrada
enquanto as luzes noctívagas ainda estão apagadas
esperando o fim do dia para que uma noite fique acesa.

A Rua da Liberdade tem vista para o rio
e em cima a começar tem a minha casa,
Morada de arquitectura antiga
No bairro mais novo que tem a vida,
Na vida mais louca que fica na minha.