Eletreficado (ao som desse riacho*)

Vivo. Dentro das minhas veias correm as letras formando teias de palavras com significados que sabem por tudo e por nadas. No meu cérebro fervilham versos de imagens difusas que me alimentam a alma e umas quantas conversas calmas e confusas. A minha terra é esta. Do longe faço perto, e de um fim construo um novo começo de onde parto e encontro. É este chão, todo igual pisado por todos nós, que me eleva e que me faz levar na voz o ritmo perfumado de uma letra sem morte e sem guerra. Através do silêncio renuncio a ele próprio e dentro de mim próprio vive o mais profundo grito em esperança que consegue-se sentir, dar-se a viver, aqui.

Amo, cada sentido, cada laço, cada momento, acompanhado ou sozinho. Amo o que faço e é isso que faz o meu caminho, o nosso. Minha solidão é o tormento que me cura e as minhas companhias são todas aquelas que acompanham a minha luta, todas aquelas que me libertam e que dentro de mim são, verdadeiramente puras. Amo-as, amo-te. Amo todas essas coisas que muitos se esquecem por ter verdadeiro significado. Amo o tempo, as saudades do futuro, a nostalgia dos passos. Amo as árvores de juba ao vento, as pedras que sussurram numa sombra o seu peso e o sol quente que acolhe o chão seco e fresco. Amo tudo, o mais e o resto. Amo os nossos momentos e o fascinante imprevisível que tem uma surpresa e um mistério secretamente desvendado com segredo e a sorrir.

Sei que sei existir, ser de sentir sempre o que nunca se lembra que existe. Ser este ser que persiste em ter a vontade feliz e tão triste. Ter este querer que não desiste em viver e que resiste. Pois não tenho medo. Coragem é mesmo exaltar os sentimentos e ouvir o pensamento a batucar cá dentro vibrando com esta electricidade inquieta e serena que se manifesta quando eu escrevo.
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