Três estações

e o branco pinta-se de preto
por cada linha que te pinta de ouro,
e a tinta que pinta o que escrevo
é tinta de um para ser do outro
...
e a tinta de um prazer do outro
pinta nas páginas qualquer sonho,
e nas margens errantes do que procuro
encontro-me perto quando te pinto de novo
...
e o papel cria sentido dentro de um rasgo,
penetrante é esta pele do espaço e tempo
onde se desenha em cada traço um espasmo
no silêncio concentrado do desassossego.