Cais de silêncios

Porque o meu silêncio brame, agita a calma e acalma quando grita. Porque o silêncio não se cala na fotografia de uma palavra mil que nos toca a alma e nos acorda para o dia. Porque este silêncio é também o que alimenta a fala para mais um desafio e para uma luta que se domina, captando os silêncios da vida. Somos nós assim constantemente feitos na imagem do papel e da parede. Silêncios que são a paisagem que nos nossos olhos ficam sem palavras transmitindo sinais de mensagens raras de um sempre. São os nossos olhos que da escuridão são capazes de transformar tudo em formas coloridas mesmo quando de preto e branco e sombra são feitas as suas medidas.
Silencia-me, o que é para ti o silêncio. Silencia-me. Manancial de tudos opacos e de nadas recheados, vazios compostos e sonhos vagamente anotados que compõem versos soltos silenciosos mas audíveis e loucos. Silencia-me. Dança de estrelas com um deus em euforia ao ritmo da musica que anuncia das suas janelas um novo canto que nos cativa, e silencia. Este tempo que leva o vento a navegar antes de partir para a conquista. Esta corrida sem partida e onde o fim não tem chegada à vista. Silencia-me. Qualquer coisa escrita.
Vivo neste cais profundo que navega a flutuar virado para a tua varanda assente no mar.