Hoje sonhei a preto e branco. Lembro-me nitidamente das cores carregadas nas sombras e no arco-íris de duas cores. Lembro-me de ver para lá dos olhos e tocar para além do que dizem ser. Lembro-me de saber para além do sabor e de ter tudo o que gritam não existir.
Dizem que os sonhos não têm cor mas este meu tinha, a preto e branco. Não me lembro do que sonhava mas lembro-me dos tons e do calor que lá dentro se fazia sentir. Um calor e um peso tremendo que me invadiu e que me fez acordar, cedo, suado, quase ofegante, num estado de ansiedade que não foi mais do que o reflexo de ter vivido a novidade do mundo naquelas duas cores, acentuadamente fortes e libertadoras... Mas não me lembro do que sonhava... Certa altura, sei que abri os olhos e que continuei a sonhar assim semi-acordado a viver numa realidade paralela que não queria misturar a sua tonalidade pesada e bela com a coloridade que preenche a outra.
Hoje sonhei a preto e branco e no fim já pensava que toda a vida era assim. No fim já nem sabia se queria ficar ou partir.