A noite põe-se,
do outro lado o sol que mal nasceu
já escurece,

Com uma lua anoitece-me
enquanto o mundo endoidece
perante mais um mergulho que estremece no rio.

Ri-te, me ri.
Nega-me o não,
afirma qualquer nome que seja o teu
desde que não se defina simplesmente para existir,

Chama-me
no tom mais doido que conheças
porque eu já não sou capaz de me conhecer como me conheci,

Pois reconhece-me, então,

Joga-te para a frente onde a escada não encontra limite
e enfrenta o rosto que cá de dentro te envia
um beijo no coração,

Joga-te na rede
que não te prende e te leva ao tom da corrente
que só tu escolhes, e molha-me a sede.

Pois tenho sede,
a sede de ver o mundo a cair sem me poder levantar,

Sede
de ficar a viver
nas ilimitações do olhar,

Sede
de soltar gritos baixinhos
envoltos em violões gigantes que choram por mais gritantes gemidos,

Sede
de peço-te
e de dizer-te que sou mais do que o meu corpo pede.

Dá-me corda
acorda-me amor,
Reconhece-me
e revolve-me o mar.

A minha luta não espera
e está agora a entrar contigo na estrada
no caminho da força que não se esgota na palavra.

Sou um guevara
A revolução do tempo que era,

Ergo agora a minha espada
para negar a guerra.