Quando o Amor Não Tem Tamanho

...
Antes de eu nascer já a conhecia e antes de a conhecer já a amava. Antes de falar com ela já a ouvia e já lhe dizia como é bom escutá-la. Antes de olhar para ela já sabia que ia vê-la e que eu nascera para amá-la. Antes de anoitecer já a lua nos iluminava, do alto a estrela nos encandecia e a chuva que caia mal nos molhava. E antes de ver nascer o dia já o azul do céu nos dominava e o sol tornava viva a chama que nunca mais se apaga.

Os nossos corpos em harmonia transpiravam a perfeição do encaixe perfeito e dentro do meu peito batia o coração que soltava sopros que lhe refrescavam os seios. Seus seios davam-me beijos e sua boca suspiros e palavras que só eu via. A sua voz era como uma sinfonia de cheiros que me tocavam em cada canto os seus desejos. Seus olhos eram esferas de cores escuras vivas com pureza atrevida e a rebeldia delicada com sabor a vida que nos meus lábios ficava.

Pois antes de eu nascer já a conhecia e antes de a conhecer já a amava. Antes de nos sabermos já nós sabíamos que havíamos sido feitos para nos saborearmos. E antes de qualquer certeza, não tínhamos duvidas que ficaríamos juntos até ao fim do mundo para nos amarmos. Com ela, o tempo fazia-se sentir na brisa que moldava os nossos cabelos, nas cores embriagantes que acolhíamos nos nossos braços, nos passos seguros que dávamos em direcção à vida e ao sonho de um amor ao rubro. Com ela, eu partia rumo ao que era de mim, ao que sempre foi de nós, numa quietude louca que nos fez enormes e que nos faz ainda maiores.
...